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11 set 2019

Educação brasileira longe dos níveis da OCDE

Foto: Gabriela Biló/Estadão

Não é de hoje que o Brasil tem ambições de virar membro da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), organização internacional que inclui as economias mais fortes do planeta. Mas, a julgar pelo relatório sobre educação da instituição, publicado nesta terça-feira, 10, o País ainda tem um longo caminho a trilhar na área educacional para se igualar aos países-membros da organização.

O relatório, que avaliou dados sobre a educação no Brasil até 2018, mostra que o País investia, há dois anos atrás, 4,2% do PIB em educação primária e secundária (ensino médio), um valor mais alto do que a média de 3,2% dos países membros da OCDE. No entanto, esse valor permaneceu basicamente o mesmo desde 2010, apesar de o PIB ter crescido 2% no período.

Na educação básica, os números também preocupam: apesar de a porcentagem de crianças com até 3 anos que vão à escola ter aumentado de 10% em 2012 para 23% em 2017, essa média nos países membros da OCDE é de 36%. No ensino superior, a tendência se repete: somente 18% da população entre 25 e 64 anos tem um diploma de faculdade. Para os membros da organização, a média é de 39%. Pensando na população mais jovem, entre 25 e 34 anos, a diferença é ainda maior: somente 21% da população brasileira nessa faixa etária tem ensino superior, ante 44% da população dos países da OCDE.  Fazendo a comparação em dólares: o Brasil investia por aluno, em 2016, US$ 3.800 na educação básica, enquanto um país-membro da organização investia US$ 8.600.

Além disso, a evasão é um grande problema. Metade (50%) dos estudantes no ensino superior completam o curso, contra a média de 67% dos países da OCDE. O relatório também mostra disparidades de gênero no acesso ao mercado de trabalho: apesar de mulheres terem 42% mais chance de ter ensino superior do que homens, elas ainda têm menos chance de conseguirem empregos.

O gerente de políticas educacionais da ONG Todos pela Educação conversou com o BRP. O Brasil, conta, ainda investe pouco em educação, sobretudo em educação básica, e investe mal. “É verdade que o Brasil investe uma parcela já grande da sua renda em educação. (Mas) esse é um movimento recente, não é como se estivéssemos fazendo isso há décadas. Nós chegamos no nível médio de 4,5% do PIB apenas em 2000, enquanto os países da OCDE já investem mais ou menos esse valor desde a década de 70. Então o Brasil fez um movimento atrasado de priorização da Educação”, diz.

Apesar de o esforço fiscal do Brasil na educação ser alto, o fato de termos uma renda média per capta baixa e uma população jovem muito elevada faz com que o valor investido por aluno ainda seja baixo. “E é isso que impacta a qualidade. No médio e longo prazo, o Brasil precisa continuar esse movimento de ampliar o investimento por aluno”, acrescenta.

Ele reforça que a melhoria da educação brasileira passa por uma melhor capacitação de professores, além de melhores salários. “Estamos falando de condições de trabalho para professores dentro das escolas e muita formação. Tanto inicial, que é a formação dos cursos de graduação na faculdade, quanto a formação continuada que é o desenvolvimento profissional deles durante a carreira”, afirma Corrêa.

Isso não implica, necessariamente, investir mais verbas. “Grande parte dos recursos da educação básica nas secretarias de Educação já é gasto em folha salarial, então já é gasto com salário de professores. Agora, se é bem gasto, se conseguimos com esse valor oferecer condições e uma formação de qualidade, aí é que vemos que muitas secretarias não conseguem oferecer isso”, avalia. “Por isso é importante ver que existem municípios que não possuem altíssimos gastos com educação e que conseguem bons resultados, como municípios do Ceará. Com uma gestão bem feita, oferecendo uma boa formação continuada para professores, bom apoio pedagógico, com materiais de apoio ao educador, é possível obter bons resultados”.

Fonte: BR Político