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25 jun 2019

Governador quer SP líder do Ideb já em 2021, antes da eleição

Ex-ministro, Rossieli Soares trouxe de Brasília para São Paulo a agenda acelerada de anúncios e programas que foi marca de sua gestão à frente do Ministério da Educação (MEC). Com dois meses de mandato, Rossieli reuniu-se com 1,3 mil diretores em encontro de dois dias para explicar as novas diretrizes educacionais, repetindo seu costume de buscar aproximação com os executores das políticas públicas “na ponta”.

Ainda no primeiro semestre, anunciou ações como o Escola + Bonita, que pretende melhorar a infraestrutura das instituições de ensino, e o Educa SP, que vai permitir que alunos do ensino médio da rede pública tenham atividades complementares em universidades.

Outros dois programas – Novotec e Inova Educação – representam continuidade de mudanças que já eram bandeiras de Rossieli. O primeiro busca estreitar a relação da educação básica com o ensino técnico e o segundo, trazer ideias bem-sucedidas da escola em tempo integral para o tempo regular. Ambos são baseados em diretrizes que ganharam corpo no MEC. “Não chegamos em São Paulo ‘do zero’. Estamos em um processo de imersão maluco, mas algumas coisas a gente já sabia e outras eram experiências testadas dentro da rede paulista”, afirma Rossieli ao Valor.

O secretário defende as propostas que elaborou no MEC como forma de reverter o quadro de pouco avanço na aprendizagem dos estudantes. “A educação no Brasil fechou algumas questões. Ter uma Base Nacional Comum Curricular, além de estar previsto na Constituição, é fundamental. E a gente avançou na agenda. Se você perguntar para os especialistas, muitos vão ter divergências sobre o texto. Mas todos reconhecem que agora a gente tem um norte”, diz.

A celeridade de Rossieli nas mudanças na rede paulista não é sem motivo: o governador João Doria colocou como meta que o Estado atinja o primeiro lugar do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) em 2021.

O resultado do Ideb é divulgado sempre em meados do segundo semestre do ano seguinte à sua aplicação. Assim, os números da prova de 2021 serão conhecidos em 2022, às vésperas da corrida eleitoral, e têm potencial para virar uma vitrine eleitoral para Doria, cuja ambição de concorrer à Presidência é conhecida.

A virada pretendida da rede estadual paulista não é trivial. A primeira barreira é garantir que as ações ganhem escala, um velho problema das políticas públicas. Com 3,5 milhões de alunos, 190 mil professores e 5,1 mil escolas, São Paulo é a maior rede de educação pública do Brasil.

Além do gigantismo, é preciso quebrar a estagnação dos resultados de aprendizagem. No ensino médio, por exemplo, a rede estadual ocupou a 10ª posição na prova de matemática da última edição do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), em 2017 – exatamente o mesmo lugar ocupado em 2005. No mesmo intervalo, Estados mais pobres conseguiram avanço significativo. O Espírito Santo saiu da 7ª para a 1ª posição, enquanto Goiás foi de 16º para 2º.

Para atacar o problema, o carro-chefe é o Inova Educação, que engloba, além do ensino médio, os alunos do 6º ao 9º do ensino fundamental, período em que geralmente começa a decair o desempenho dos estudantes. O programa tenta diminuir a distância entre as escolas de tempo parcial, com cinco horas diárias de aula, para as de tempo integral, com duas horas a mais por dia.

Como é caro e demorado transformar todo o ensino paulista em tempo integral, a saída foi diminuir de 50 para 45 minutos as aulas, o que permitiu acrescentar uma disciplina por dia, elevando a carga horária total em só 15 minutos.

Os cinco tempos extras por semana serão ocupados por duas disciplinas eletivas, duas de “projeto de vida”, e uma de tecnologia. São ideias que já circulam em outras escolas da rede paulista e têm lastro em experiências bem-sucedidas Brasil afora, como no Espírito Santo. No Ideb de 2017, o ensino médio da rede pública capixaba ficou em primeiro lugar.

O ex-secretário capixaba Haroldo Rocha, hoje número 2 de Rossieli, sustenta que o objetivo é aumentar o interesse dos jovens. “Para melhorar a aprendizagem, o sistema precisa de talento, empenho e criatividade dos professores. Mas não é só. É preciso valorizar o protagonismo do jovem porque o mundo mudou e impõe que a escola se reorganize.”

“Rossieli pode exercer uma liderança e até um contraponto, não fazendo política, mas para mostrar tecnicamente a consistência que o Brasil acumulou de conhecimento em política pública em educação ante um discurso puramente ideológico do MEC”, opina Hubert Alquéres, presidente do Conselho Estadual de Educação (CEE).

Fonte: Valor Econômico