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26 jul 2022

Novo Ensino Médio: Saiba o que especialistas pensam da estrutura

Foto: Getty Imagens

novo ensino médio implementado na rede estadual de São Paulo, enfrenta falta de professores e pouca oportunidade de escolha para os estudantes mais pobres. É o que aponta um estudo realizado por pesquisadores da Rede Escola Pública e Universidade (Repu). 

Lei n.13.415/2017 altera as diretrizes e bases da educação nacional e propõe uma nova regra para o ensino médio com o direcionamento da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), passa a ser implementado neste ano. Em entrevista para o Roda Viva, Rodrigo Garcia, governador de São Paulo, afirmou que se reeleito estenderá programa para todos os colégios de ensino médio na cidade de São Paulo.

Com uma base, teoricamente, reduzida e fundada em itinerários educacionais, Fernando Cássio, educador na Universidade Federal do ABC (UFABC), comenta sobre a falta de professores nos colégios públicos de São Paulo. “Nós estamos vendo escolas da periferias, nas regiões extremas de São Paulo, sem estrutura nenhuma. Então, por exemplo, os professores que agora trabalham nessas escolas, não têm muito atrativo do ponto de vista salarial para permanecer numa única escola e se dedicar integralmente“, diz o educador. 

“Não faz sentido no século XXI ter um ensino médio tão conteudista”, afirma Claudia Maria Costin, professora na Universidade de Harvard e diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Nenhum país coloca tantas matérias para os estudantes”, aponta. 

Os itinerários educacionais visam melhorar o desempenho do aluno na sua área de conhecimento, como: linguagens, ciências da natureza ou ciências exatas.

Na prática, 1.327 escolas de Ensino Médio da rede estadual (35,9%) ofertam apenas dois itinerários formativos entre dez possíveis para o 2º ano, o mínimo exigido pela Secretaria Estadual de Educação de São Paulo (Seduc-SP).

O que a reforma promete

A reforma do Ensino Médio pretende trazer ao aluno a formação desses itinerários educacionais, que circulam entre disciplinas. Com isso, aumentar o aprofundamento do  jovem em uma área do conhecimento. 

grade curricular também será cumprida em duas etapas. A primeira é por meio das áreas de conhecimentos, que passam a representar 60% do período letivo. As 1.800 horas serão divididas no 1º, 2º e 3º anos do ensino médio. Somente duas disciplinas passarão a ser trabalhadas nos três anos letivos: português e matemática.

“Isso [itinerário] vai diminuir carga horária de algumas disciplinas e aumentar de outras. Mas como as preferências dos alunos vão estar distribuídas entre as diferentes áreas, como acontece nos outros países, provavelmente vai ter gente fazendo mais algumas matérias e menos outras”, diz a professora Claudia Maria. 

Claudia ainda retoma falando de escolas modelos, como é aplicado em Pernambuco e, para ela, essa estrutura pode melhorar e facilitar a educação no Brasil. A educadora fala que “depois que a gente sair da zona de conforto, se não houver descontinuidades a gente consolida o ensino médio muito melhor e muito mais contemporâneo”. 

Fernando Cássio, que integra a Rede Escola Pública e Universidade (REPU) e o comitê diretivo da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, relembra a evasão estudantil e a falta de amparo de alunos do período noturno. 

O professor ressalta que 334 dos 641 municípios só possuem uma escola pública de ensino médio, “a implementação dessa política é um desastre porque não tem planejamento porque a secretaria de educação contratou (…) Na verdade, a gente trocou os conteúdos escolares, e aumenta disciplinas, por uma coisa que é irreconhecível aos professores e que piora as condições de trabalho e de carga para alunos do período noturno, por exemplo”, acrescenta o professor. 

Fonte: UOL