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4 jul 2022

País tem R$ 10 bi para ‘escola digital’, diz especialista

O Brasil tem pelo menos cerca de R$ 10 bilhões para investir em tecnologia e infraestrutura nas escolas para preparar os jovens para o novo mundo do trabalho, segundo estimativa apresentada pela diretora-presidente do Centro de Inovação para Educação Brasileira (Cieb), Lúcia Dellagnelo, ao participar da Live do Valor com o tema “As transformações do mercado de trabalho e a tecnologia”. Ainda que a rede de escolas seja ampla – cerca de 138 mil em todo o país -, ela reforça que a pandemia acelerou políticas e recursos para a área, fundamentais para o treinamento das novas gerações.

“O desafio é grande para desenvolver competências digitais de alunos e professores, mas é possível. E já existem recursos disponíveis no Brasil para a gente conseguir”, afirmou Lúcia. “A partir do grande choque da pandemia, várias políticas públicas foram aceleradas para garantir a conectividade e os dispositivos nas escolas.”

Entre as políticas citadas por ela estão a regulamentação do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust), o leilão de 5G e a destinação de recursos da ordem de R$ 3 bilhões de ganhadores para a inclusão digital nas escolas como contrapartida e a Lei de Conectividade do Congresso Nacional, com recursos para comprar computadores e chip de internet para professores.

“Num levantamento muito rápido, a gente estima R$ 10 bilhões hoje na mesa para investimentos em tecnologia e infraestrutura nas escolas”, disse Lúcia, lembrando que a rede nacional de escolas ultrapassa os 138 mil e recursos da ordem R$ 10 bilhões não seriam tão significativos quanto pode parecer. Ainda assim, argumentou ela, há dinheiro disponível para avançar na pauta da tecnologia.

Os investimentos são necessários, inclusive, para que se evite que a tecnologia acabe se tornando mais uma barreira para os menos privilegiados ocuparem espaços na educação e no mercado de trabalho, como apontou a fundadora e diretora-executiva da Mastertech, escola de pensamento digital, ágil, lógico e humano, Camila Achutti.

“O papel da tecnologia na educação e no mercado de trabalho é testar viabilidades, caminhos e possibilidades. Ao mesmo tempo que tecnologia pode ser viabilidade e abrir muitas portas, obviamente tem que ficar atento se está produzindo viabilidade de forma igualitária para as pessoas. Se ela não estiver distribuída de forma equidistante para todos se torna mais uma barreira”, afirmou ela, citando, como exemplo as restrições enfrentadas por jovens aprendizes para seguir com o trabalho remoto na pandemia.

O retrato dessas desigualdades ainda existentes aparece na carência de infraestrutura das escolas e também na formação dos professores. Para Lúcia Dellagnelo, os principais desafios hoje para o avanço da tecnologia na educação são a falta de a infraestrutura necessária para que a tecnologia seja parte da aprendizagem do cotidiano – considerando tanto dispositivos quanto o acesso de internet banda larga – e a necessidade de treinamento contínuo dos professores.

Camila Achutti também defendeu a importância não apenas do uso da tecnologia na educação e no mercado de trabalho, mas também da educação sobre tecnologia, de maneira a preparar os jovens para um desenvolvimento contínuo ao longo da trajetória profissional.

“A gente tem tecnologias educacionais muito rebuscadas, com impacto importante. Mas a gente precisa antecipar a educação sobre tecnologia. Como se apropria da tecnologia para resolver os próprios problemas, o que é pensamento computacional, como reconhece padrão, como decompor um desafio, como ter um pensamento estruturado…”, ressaltou ela, lembrando que a compreensão sobre tecnologia ajuda a garantir o exercício de cidadania pelas pessoas.

Fonte: Valor Econômico