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15 abr 2025

Por que os alunos não pedem ajuda – e como mudar isso

Três mudanças simples podem transformar a sala de aula em um espaço onde pedir ajuda é natural e fortalece a confiança dos estudantes

Na minha sala de aula, eu via isso o tempo todo: estudantes que precisavam de ajuda, mas não pediam. Alguns ficavam encarando a tarefa, esperando que a resposta surgisse como um estalo de clareza. Outros batucavam o lápis na mesa, esperando alguém quebrar o silêncio. Uns poucos evitavam a atividade completamente, convencidos de que se virar sozinhos era melhor do que ser “aquele aluno” que pede ajuda.  

Mas algo mudou.  

Com alguns ajustes intencionais na dinâmica da sala, vi os alunos passarem da frustração silenciosa para a busca ativa por apoio. O problema não era a capacidade deles. Nem mesmo a falta de motivação. A verdadeira barreira? As normas sociais.  

Para muitos estudantes, pedir ajuda soa como admitir a derrota. Eles foram condicionados – pela experiência, pelos colegas, por uma cultura obcecada com sucesso sem esforço – a acreditar que precisar de ajuda significa que não são bons o suficiente. Mas uma série de pesquisas apontam o seguinte: as pessoas mais bem-sucedidas não fazem tudo sozinhas. Atletas de elite têm técnicos. Grandes escritores têm editores. Inovadores e líderes se cercam de mentores e colaboradores.  

Então, como reescrever esse roteiro? Como fazer com que pedir ajuda não só seja aceitável, mas esperado? Estudos apontam três estratégias eficazes: modelagem, estrutura e comunicação.  

como sinal de fraqueza, e não como estratégia para o sucesso. Mas a forma como falamos sobre isso muda tudo.  

Pesquisas mostram que alunos com alta autoeficácia (aqueles que acreditam que o esforço leva à melhoria)  são muito mais propensos a buscar ajuda. O problema? Muitos não se veem como capazes de melhorar.  

Uma forma de mudar isso é compartilhar histórias reais de superação. Convido ex-alunos para falar sobre como enfrentaram dificuldades e venceram ao buscar apoio. Eles gravam ou escrevem esses depoimentos e eu mantenho uma pasta chamada “Por que pedir ajuda importa” com esses registros. Sempre compartilho esses relatos com a turma. Quando ouvem: “Tirei nota baixa na primeira redação, mas, depois de trabalhar com um tutor, tirei um 10 na seguinte”, a visão deles sobre quem pede ajuda se transforma.  

Outra ferramenta poderosa é o “O que ainda não entendi – bilhete de saída”. No fim da aula, os alunos escrevem uma pergunta ou conceito que ainda não entenderam. Deixo claro que suas dúvidas me tornam um professor melhor e ajudam a moldar a próxima aula. Recolho as respostas, identifico temas comuns e crio estações de trabalho ou materiais que abordam diretamente suas necessidades. O mais importante: mostro que a curiosidade e as perguntas deles guiam nosso processo. Ao valorizar abertamente suas contribuições, reforço que buscar ajuda não é só útil: é essencial para crescer.  

Perguntar, aprender, vencer: mudando a norma da sala de aula

visível, esperado e celebrado como uma força, transformamos a sala de aula de um lugar de luta silenciosa em um espaço de aprendizado compartilhado. Os alunos deixam de ver a ajuda como uma dependência e passam a reconhecê-la como uma ferramenta poderosa para o sucesso.  

E quando essa mudança acontece? Eles não só fazem mais perguntas, como começam a respondê-las também. O aprendizado se torna colaborativo, a curiosidade floresce, e os alunos assumem o papel de tanto aprendizes quanto líderes.

por Cathleen Beachboard

Fonte: Porvir 

Imagem by gpointstudio on Freepik